domingo, maio 25, 2008

 

O Homem

O Homem

O complexo encarnado sendo matéria, perispírito, e Espírito, precisa ficar claro em nossa mente; vamos analisar separadamente, para poder melhor entender.
Supondo pudéssemos separar os três componentes, somente por didática de entendimento, estudaremos cada aspecto fisiológico, dos estados independentes.
O corpo material sendo a casca externa visível, palpável, deste complexo, é um aparelho composto de vários órgãos, e uma estrutura óssea, próprios ao desempenho deste, na vida material.
Sendo matéria tem portanto necessidades fisiológicas como a alimentação, para manutenção de suas atividades vitais pelo equilíbrio e cuidados higiênicos, pois tem muitas limitações funcionais.
Sendo um complexo muito limitado deve ser respeitado para que os seus órgãos funcionais não venham a falir, gerando a morte do aparelho material, corpo. Cujo período de vida útil é também limitado pelo uso e necessidades ulteriores que serão ainda abordadas mais à frente. Seria amorfo se não tivesse a força de coesão representada pelo seu perispírito, comandado pelo Espírito.
Sendo matéria com fisiologismo próprio, não teria condições de manter vida ou de ser ativo sem estes, portanto, sem a inteligência e movimentos, que lhe conferem aqueles.
O Espírito é a individualidade inteligente do Universo, não tem uma forma definida, tendo os Espíritos dito a Kardec considere uma centelha, uma fagulha, um clarão, enfim da forma como melhor lhe aprouver, para poder conceber entendimento.
É a sede da memória, onde estão registrados todas as suas experiências, todo seu cabedal de conhecimento, todas as suas virtudes, e todas as suas mazelas e viciações.
Comanda o corpo material através o perispírito que lhe é o intermediário das suas ações materiais. Poderia existir mesmo se perispírito e o corpo material não existissem. Como porém precisa das encarnações que lhe permitem evoluir e agregar conhecimento e experiência necessita destes.
O perispírito como já pudemos notar é o médium do espírito e o corpo material. Aquele que sem participar nem acrescentando nem tirando nada da vontade expressa daquele ao corpo material faz que se cumpra o comando daquele nas ações materiais de sua vontade. Além de agir como órgão transmissor das sensações materiais da vida de relação.
É ainda como corpo semimaterial o meio pelo qual o espírito pode fazer absorver da energia cósmica o princípio vital que será metabolisado como energia vital no órgão material. É por este ainda que se pode fazer a transfusão das energias salutares do passe. Razão pela qual podemos entender as influências maléficas do meio ao complexo em desequilíbrio ou desatino de comportamento.
Por meio das transferências do desequilíbrio do Espírito, que o intelecto desta formação, ao corpo que compreende a vida de relação, provoca as doenças, e os males materiais que não entendíamos até aqui.
Portanto o de que necessitamos é um perfeito e ponderado equilíbrio em nosso pensamento e vontade, para que possamos nos manter saudável.
O Homem é o resultado do que ele mesmo fizer em suas ações sejam elas ponderadas ou intempestivas. Será calmo e sereno se fizer por onde avançar seu conhecimento intelectual. Será agressivo e violento relativamente à sua ignorância.
Em suma o que nos confere o corpo material é unicamente o meio de que possamos nos relacionar no mundo material para exercer a nossa liberdade.
O Homem será sempre o resultado de seu esforço próprio no sentido de avançar intelectualmente para poder discernir o que é moral.

Luiz Gonzaga
lzgonzaga@yahoo.com.br

sábado, maio 03, 2008

 

O SESQUICENTENÁRIO DA REVISTA ESPÍRITA

O sesquicentenário da Revista Espírita

A Revista Espírita lançada em janeiro de 1858 comemora cento e cinqüenta anos. E, nesta ocasião, nos atrevemos a dizer que quase totalmente inexplorada pelos Espíritas, que dela conhecem apenas o seu nome.
Há casas espíritas que apesar de terem uma vasta biblioteca de livros psicografados, não têm um exemplar desta para consultas pelos seus colaboradores. Sem contar com a facilidade que vai ainda mais longe para quem realmente se interessa pelos estudos doutrinários de fato: edições da Revista em seus doze volumes digitalizados e de fácil aquisição gratuita na Internet. (www.panoramespirita.com.br).
Bem, mas o que nos vai no íntimo nesse instante, é chamar a atenção sobre a Revista para que ao menos possamos começar a compilar seus volumes para conhecermos no mínimo o caráter do seu autor Allan Kardec, que demonstra aí toda a sua personalidade firme e austera no trato das coisas que nos vem dos desencarnados através dos médiuns. Fato que nos é incomum usar quanto às comunicações mediúnicas publicadas sem o menor escrúpulo e estudo para ao menos poder dar o aval doutrinário ou correções de ortografia e vocabulário adequado.
Mas vamos ao nosso interesse maior, qual seja divulgar a dificuldade de Allan Kardec em publicar a Revista. Tamanho foi o êxito da publicação de “O Livro dos Espíritos” que as correspondências se avolumaram, tanto para relatos de novos fatos extraordinários, quanto pela solicitação de esclarecimentos da opinião publica. Nessa época, Kardec tinha notícias de uma só publicação dedicada aos interesses espíritas, o “Journal de L’âme”, editado em Genebra (Suíça) sob a direção de Dr. Boessinger. Na América havia uma só edição em francês, o “Le Spiritualiste de la Nouvelle-Orléans”, publicado pelo Sr. Barthes. Havia nos Estados Unidos, dezenas de jornais dedicados a esses assuntos em língua inglesa. 1.
Isso tudo fez com que Kardec se apercebesse da necessidade de criar um periódico que divulgasse os esclarecimentos pedidos pelo público – que estudava o Livro dos Espíritos – de tudo o que se passava no mundo, através de relatos enviados por correspondências e também pelo fruto do trabalho de outros pesquisadores; configurando o caráter de laboratório, que se fazia necessário para que a opinião pública pudesse participar de seus trabalhos na então Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Embora lhe faltasse tempo e recursos financeiros – que ele ousou pedir ao Sr. Tiedema-Marthèse, (filósofo Holandês) que se mostrou indeciso 2. – encarou a empreitada sozinho. Contudo, mais tarde, Kardec viria a reconhecer que fora para ele melhor que o aludido senhor não o tivesse financiado, pois sozinho não tinha que prestar contas a ninguém, no que dizia respeito ao trabalho lhe fora pesado o encargo:
“Não tinha um só assinante, nem nenhum fornecedor de capital. Fi-lo pois exclusivamente por minha conta e não tive do que me arrepender, porque o êxito excedeu a minha expectativa. A partir de 1.° de janeiro de 1858, os números sucederam-se, sem interrupção, e, como previra o Espírito, o órgão foi-me poderoso auxiliar. Reconheci mais tarde que fora uma felicidade não ter sócio, porque tive sempre toda a liberdade; havendo um interessado estranho, poderia querer impor-me as suas idéias e vontades e tolher-me a caminhada; sozinho, não tinha que dar contas a ninguém, por mais pesado que me fosse o trabalho.” Allan Kardec Obras Póstumas
Em 15/11/1858, através de Ermance Duffaux, Kardec consulta a espiritualidade à respeito da Revista, que assim se expressou: “É preciso que lhe dediques todo o cuidado para que não seja defeituoso. Faz-se necessário que unas a satisfação do curioso, bem como trate com seriedade e apuro doutrinário para que sejam atraídos os homens de ciência. Para que ainda que atendendo aos curiosos possa o jornal não carecer de fundamentos sólidos que lhe dêem credibilidade. Para que não aja monotonia por meio da variedade reunindo instrução sólida ao interesse. Pois ele será para trabalhos ulteriores, poderoso auxiliar.”
Assim, com o aval da espiritualidade que lhe adiantara: “Podes prescindir dele.” Pôde definitivamente arcar com o ônus de tal empreitada. 3.
De fato, a Revista Espírita viria a ser o laboratório do Espiritismo, pois além de publicar o que se fazia necessário à curiosidade, também desenvolvia temas tendo em vista as publicações ulteriores, começando pela segunda edição de O Livro dos Espíritos.
Nessa empreitada, Kardec sentiu um novo vigor, estimulado indiretamente pelos Espíritos, e diretamente por sua dedicada esposa. Apressa-se então em redigir o primeiro número da Revista Espírita que foi lançada em primeiro de janeiro de 1858. sem nenhum assinante e com recurso financeiro próprio.
Na “Introdução” ao primeiro número, Kardec esclarece os objetivos de sua revista, como também traça as diretrizes por que ela se guiaria, mantendo o público a par de todos os progressos e acontecimentos dentro da nova doutrina e prevenindo-o tanto contra os exageros da credulidade, quanto contra os do ceticismo.
A Revista seria segundo as próprias palavras do fundador, uma tribuna livre, “na qual, porém, a discussão não deverá nunca sair das regras da mais estrita conveniência”. E acrescentava: “Em suma, discutiremos, mas não disputaremos”.
Com a criação da Revista Espírita, relata o biógrafo André Moreil que o autor de O Livro dos Espíritos, ao contrário dos filósofos inacessíveis, não se encerraria numa glória misteriosa, mística, afastado do mundo. Em diálogo com adeptos e adversários, “permanece um educador, amigo dos homens, combatente ativo da nova luz”. (André Moreil: "La Vie et 1'Oeuvre d'Allan Kardec", Édi-tions Sperar, Paris, 1961, p. 114.).
Em menos de um ano, a Revista Espírita estava espalhada por todos os continentes do Globo. Kardec destaca, então, que se um jornal recém-fundado e tão especializado era pedido das mais distantes regiões, com assinantes “nas mais altas camadas da sociedade e até nos tronos” (RS 1859), era porque o assunto despertara vivo interesse. “É pois, pelo assunto que ela interessa, e não por seu obscuro redator” (RE 1858).
Quando findou o primeiro ano da Revista Espírita, cuja publicação se fazia mensalmente, Kardec se congratulou com seus leitores, anunciando estar assegurada por um número crescente de assinantes, a continuidade da publicação. Ampliando rapidamente o círculo de simpatia e admiração entre todos os espiritistas, a Revista Espírita em pouco tempo se firmou definitivamente como o líder jornalístico da Nova Revelação. De tal maneira aumentou o número de assinantes, que Kardec, a pedido destes, reimprimiu duas vezes as coleções de 1858, 1859 e 1860, a fim de que elas não lhes faltassem (RE 1861).
Fatos e mais fatos, recentes ou antigos, transcritos na Revista Espírita levavam Kardec a apreciá-los, analisá-los, comentá-los, submetê-los à analise da observação, tendo por objetivo tecer reflexões, estabelecer conceitos, extrair conclusões racionais.
Assim nesse sucinto relato da história da Revista Espírita no que concerne à sua fundação e sucesso editorial, logramos conhecer onde foi estudado e revisado O Livro dos Espíritos em sua segunda edição ampliada, lançado em 1860; O Livro dos Médiuns em 1861; O Evangelho Segundo o Espiritismo em 1864; O Céu e o Inferno em 1865;e A Gênese em 1866. e toda a obra literária espírita que Kardec desenvolveu com apurado ânimo e bom senso.


1. Allan Kardec (Pesquisa Bibliográfica e Ensaios de Interpretação) Zeus Wantuil e Francisco Thiessen, Vol. 3.
2. idem Vol. 2
3. Obras Póstumas segunda parte nota aos apontamentos da reunião de 15/11/1857

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